Vais

Vais embora! Deixas-me aqui. Outrora achei que já havias ido entre um acordar e o outro. Nunca cheguei a perceber-te e agora esse tempo foi-me roubado. Sabia que esta hora chegaria, mas no fundo nunca estive preparada. Dentro de horas é a última vez que, talvez, te veja ... Pelo menos com os mesmos olhos e com todo o coração. Magoaste-me muito e eu deixei , talvez me tenha eu magoado, pois quando alguém se torna importante fere-nos de forma mais forte. Às vezes penso que me dás a mão e não me largas mais. Outras acho-te a pior pessoa. Não és! És das melhores pessoas que comecei a conhecer, mas que não me deixaste acabar. Sei que precisas deste jornada, pois aqui não havia mais nada para ti, já não existia um "tu". Tu precisas disto e eu preciso de ti. Deixo, agora, o egoísmo de lado e deixo-te ir. Tu vais, eu fico, mas em parte sempre irei contigo. Ganhaste parte de mim. Enraízaste-te em mim. Mais uma vez digo, és um príncipe, sempre o serás desde que o saibas ser. Por agora, esqueceste-te de como sê-lo ou então aderiste ao modernismo. Antiquado ou moderno, tu és o que és. O que aparentas ser nunca serás. As aparências mentem. Tu tens coração só não estás habituado a usá-lo. E o coração é como uma língua não materna, se não o usas com frequência , se não o deixas falar ele desaprende como se fala. No entanto, para a linguagem do coração não há cursos, não há países. Há uma única verdade, uma única língua: a que cada um de nós, individualmente, entende, traduz e descodifica. Fala a tua língua, permite-te isso e assim estarei sempre a falar-te, bem junto de ti. Ouvirás a minha voz bem dentro de ti, emanada do teu coração , onde guardarás , de uma forma ou de outra, todos os que te são queridos.
Até à próxima, adeus digo ao que não quero mais para mim e a ti quero-te sempre. Aliás, até às muitas próximas e boa jornada !

Mais um

O primeiro contabilizado com autorização minha , mais que autorização até . Olhei mas não te vi , conversei mas não senti que te tivesse falado . Esqueci-te e tu lembraste-me , coisas que pensei nunca terem sequer sido memorizadas . Memória de elefante que me prejudica nas piores alturas , hoje e sempre . Mais um ano , já são dois . E a cada dia a distância aumenta , ainda que os quilómetros que nos distanciam sejam os mesmos . Paranóia ou não , eu estou aqui e tu não . Cada palavra minha traduz-se numa acção , numa causa-efeito . Numa demonstração , ainda que torpeda . Cada palavra tua não tem tradução, não há linguagem coerente . São só palavras desprovidas de sentimento ou emoções , pois se os tens tão bem trancados e codificados . Será código binário ? Deve ser . Se algo em que és bom é na profissão. Também és bom em fazer-me sentir triste mesmo quando devia sorrir. És bom em fazer-me sorrir só com o dom da palavra, nua e cruel , por vezes. És bom em ser mau , em ser ingrato . És bom em sorrisos que me fazem esquecer toda a dor por minutos . És bom quando vais embora porque o teu cheiro , a tua falta ficam . Mais um . Para o ano há mais , mas esse mais espero que já não me pertença . Eu sei magoar-me sozinha , obrigada . Sou perita nisso , em magoar-me . Mas há que se admitir , também desempenhas o papel na perfeição e sinto que sempre o desempenharás , enquanto não te deixar ir . Há muito que , por ti , já foste . Há muito que, em mim , sinto que foste. Mas há muito que procuro um resquício de humanidade , de carinho , de alento . Depois , levo só mais uma patada . Hábitos criam-se é verdade. Mas ou sou louca ou habituar-me a um " não tu" é quase impossível . Devia ser mais um , um dia feliz , um fim de ano feliz , um mês de Dezembro feliz , mas não é . O pouco que me dás já não servia ,antes. Agora não serve para nada . O acumular de nadas que já recebi é muito para "zerar" . Por cá estou , pois temos tempo , não é ? Para o ano há mais , bem sei , não precisas repetir . Também não preciso repetir-me , mentalmente , palavras que não sei dizer . Sou boa com palavras , dito muitas , sou péssima a sentir e sinto me péssima .

Voltar

Todos os dias me lembro deste espaço , lembro-me de como gostava de escrever , de como os anos passam e com eles deixo ir este meu dom , esta minha dádiva . Percebi que só escrevo quando falar comigo já não adianta , quando desabafar com quem confio já não é suficiente . Uso a escrita como a fuga necessária , aquela que já não consigo suprimir mais !
Estou cheia de dúvidas , de incertezas , de certezas descabidas . Estou cheia de momentos , de pessoas . Sinto-me tola , incapaz , impotente , sinto-me criança por possuir tanta incerteza e ao mesmo tempo ansiar por falar nela , por tentar resolvê-la . Começo a pensar , a elaborar histórias mentais que só a mim pertencem... E , rapidamente , percebo que não consigo engendrar , não consigo ditar a mim mesma , o que tenciono escrever . Exprimir por palavras o que sinto tornou-se uma acção impossível para mim . Escrever . Algo que nunca fora impossível aos meus olhos , aos meus dedos , à minha vontade . Sou preenchida por palavras sem rumo , por vontades dispersas , por gramática ininteligível . Estou só no mundo , ainda que rodeada de gente , uma vez que não consigo manter ninguém . Chego a pensar se é bruxedo , mas concluo que o erro só pode ser meu . Nada permanece , nada se prende em mim mais que tempo suficiente . Até mesmo o acto de escrever , outrora sempre presente , me abandona a cada dia . Sendo substituído por uma preguiça e por um medo capazes de aniquilar qualquer palavra . No entanto todos os sentimentos aniquiladores permanecem, sem que nenhuma palavra seja proferida . Os sentimentos são descobertos no máximo silêncio das minhas cordas vocais , na maior falta de letras na folha em frente , que permanece branca !

A indecisão da decisão

Saudade .
Dor.
Memória.
Olhos.
Coração.
Agora vou tentar escrever uma só frase com todas estas palavras, mesmo assim nunca espelhará o que me vai cá dentro. Descobri que às vezes ' a coisa mais difícil e a coisa certa são a mesma ' , já diria The Fray. Chegou a hora , o dia , o minuto e o segundo em que tomo consciência ... Não ! Eu já a tinha, mas o meu coração sempre negou. Está na altura de desistir, ainda que haja algo que se queira mais , que este querer de desistência seja só um querer secundário. É a altura, não é certa nem errada, é somente.
Já devia ter finalizado há muito, não devia sequer ter tido um começo. Afinal, não percebo o rumo , não percebo as façanhas do destino. .
Com SAUDADE, com a MEMÓRIA voluptuosa chego à fatídica solução : por mais que os meus OLHOS chorem de DOR, jamais terei em mim o toque do teu CORAÇÃO. Desisto, assim , de ti, de um nós que só existe em mim...
Adeus , génio da lâmpada ... O tapete voador já vai longe sem mim e ele precisa de um guiador. Voltarás para a tua prisão sem que realizes os meus três desejos. Também, só tinha um . Agora não tenho mais. Tudo se desvanece em diante, sem ti tudo perde a nitidez... Não resta mais nada. Só desespero, impotência e ânsia de esquecimento. No entanto, esqueci-me como se faz para te esquecer.

É assim

Há décadas que não tinha necessidade de publicar, de escrever... É triste mas a faculdade começa a fazer-me questionar como certas palavras se escrevem . Tenho dúvidas de escrita , dúvidas de muita coisa , de muito tipo , mas o que mais dói é mesmo ter dúvidas na escrita . Naquilo onde sempre recebi elogios , naquilo que sempre soube ser relativamente boa . Se até já nisso não tenho certeza, serei boa em quê? Já sei ! Sou boa a imaginar contos de fadas, numa vida onde todos sorriem de forma sincera e ninguém esconde dores dilacerantes , onde finalmente as minhas preces não crentes são ouvidas. Mas, não passa disso mesmo: imaginação. O maior alvo de sonhos é o alvo mais improvável, aquele que se me dissessem que um dia seria importante me faria rir à gargalhada e mandar internar num hospício quem tivesse ousado mencionar tal delírio. Talvez eu seja uma pessoa delirante. Talvez seja eu quem precisa de um hospício . É que se isto não é insanidade é algo comparativo, bem fidedigno às tramas da loucura.
Hoje é um daqueles dias que não deviam existir, mas que mesmo sendo noite, sendo já outro dia, é como se continuasse um dia soalheiro lá fora e chuvoso dentro de mim. Nuvens, nevoeiro, falta de visibilidade, nenhuma luz ao fundo do túnel... Caminho errante , transpiro , luto para me libertar das amarras e percebo, finalmente, que a única corrente é a minha racionalidade, a importância que dou a cada detalhe, a cada gesto e a cada falta dos mesmos !
Este canto é sempre dedicado ao desabafo dos meus ínfimos medos. Um canto público , onde publico mas que poucos, que conheço, conhecem . Talvez um dia o mostre às várias pessoas que são cabeçalho de texto. Não são muitas e nenhuma tem a importância que a de hoje em dia tem. Sim ! Lá vou eu, escrever coisas sobre o amor , sobre corações e princesas. Espera ! Falei em amor? Onde? Ah ,não era para mim .. Princesas ? Não existem e príncipes ? Existem ! Ele existe , nem sonha que eu sonho acordada com ele. Ele persiste , não imaginando que tudo o que faço gira em seu torno. Ele já não insiste, não sabendo o quanto isso me fere.
Um dia terei coragem para lhe dizer o que nunca consegui, mas que sempre senti , que sempre escrevi. Ninguém conseguirá dizer-lhe coisas tão bonitas, eu não consigo dizer-lhe nada. Dotada de uma cobardia, chorando pelos cantos, rindo de piadas que outrora partilhámos, esperando pelo dia que ele volta como se nunca tivesse ido embora. E, ainda não foi ele , verdadeiramente, embora. Quando for ? Eu vou junto. Domina todos os meus suspiros e cada um dos meus piscares de olhos parecem soletrar o seu nome. É doença? Sim , é e só tem um nome - o dele !
Não acredito em finais felizes, já o mencionei inúmeras vezes.  Não me acreditava ser capaz de sofrer tudo de novo, de amar de novo e aqui estou eu .. Com isto concluo, não  facto de eu, afinal, ter coração. Concluo, antes, que ele é mesmo uma pessoa mais que especial. Custa-me acreditar que aos 22 anos pense que vou ficar para tia, mas não vejo alternativas ! Ainda me custa mais acreditar que estou deliberadamente a escrever estas palavras, o pior é que estou mesmo. Se não ficar para tia, como ele não será o pai, terei todo o prazer de lhes contar como o conheci, como o cativei e como num instante inglório, seguinte, o perdi. Direi que dava tudo para o ter , para ter ficado com ele no 'para sempre' que qualquer pessoa sonha. Tenho imensos sonhos que queria tornar reais , mas este é sem dúvida o maior deles. Dava o mundo, para contar todas as peripécias não aos meus filhos, mas aos nossos filhos. Meu Deus , estou mesmo louca ! Até dou por mim a pensar numa vida conjunta . Afinal, ele teve razão em não ficar, ficar com uma pessoa desequilibrada como eu é dose.. Até sorriria com o que disse, mas tenho um vazio pela sua falta , que não será preenchido... Às vezes acredito que o vazio será colmatado, quando ele me sorri, quando ele mostra que sou importante, mas no minuto seguinte ele destrói tudo . Por quê ? Perguntas e mais perguntas , umas atrás das outras , em catadupa , em rodopio , sobem , descem , dançam entrelaçadas , giram envoltas em mim e nunca se desfazem , nunca se perdem. Engraçado... Por razão não poderemos ser os dois persistentes como as minhas questões? Olha , mais uma questão. O que tu me provocas ! Não consigo escrever, parece que estou a falar sozinha com os meus botões. Não tenho textos de qualidade há algum tempo , não tenho pensamentos, pois todos eles vão dar a ti. É triste que domines a minha vida , mas mais triste é não dominar a tua presença.
Já não vale pedir-te para não ires , tu já foste há muito . Não vale de nada pedir que te tragam de volta , terás de voltar pelo teu próprio pé. Não vale fazer-te acreditar nisto tudo, não irias crer. Estás longe de imaginar o impacto que causaste. Nisso estás tu e estava eu. Isto é ridículo.
Estarás sempre em cada esquina, em cada gargalhada, em cada vez que usar a palavra 'quase' antes de uma frase, em cada lata de milho que eu abrir, em cada pastel de nata, em cada gomo de Clementina que me for dado à boca, em cada carro que possuir a cor do teu, em cada música que me lembre de ti, em cada memória que me lembre da FCT , pois tudo o que lá passei deixou de importar. Tudo o que passou a importar deste meu período lá és tu. És sempre tu. Não digo sempre serás porque já me enganei a este respeito uma vez... Quero lá saber, estou sempre a errar , por isso se for um erro dizer isto que seja  : Serás para sempre e é mesmo assim . Príncipes não existem , para mim . Queria que fosses o meu, não serás de carne e osso mas és a melhor aproximação alguma vez vista.
Meu príncipe, sê feliz ! Longe , perto , luta pelo teu castelo no ar, destrói cada pedra que arremessaram contra as tuas construções. Chefia guerras e vence todas ! Tens garra , tens o dom e já fizeste parte da história, pelo menos da minha.

Lugar nenhum

E eis que não tenho vindo cá , mas também não tenho estado em mais lado nenhum . Não sou de estar , quando não me querem deixar ficar. Não queres que fique , não fico . Não estou . Não estarei . Não me encontrarás mais . Nem aqui, nem noutro qualquer lugar . Serei invisível aos olhos de quem não se importa , pois se te importasses a minha cor nunca passaria à transparência que agora vive em mim.
Sentir que não pertenço a nada , nem a ninguém à partida deveria ser libertador, mas eu sinto-me acorrentada à sensação de impotência , fragilidade. Queria sentir a grandiosidade , se não por ser grande , por ser pequena e ter orgulho nisso.
Em lugar nenhum me sinto bem , os lugares não são feitios de bens materiais , de bens que se podem tocar , comprar , partir e estilhaçar . Um lugar , para mim , é mais que um espaço físico. Um lugar é uma mescla de cheiros , aromas perturbantes , risadas alucinantes , pessoas de carne e osso , frescura , sentimentos . Um lugar é uma junção do físico com o transcendente que captamos mas não conseguimos entender , é feito daquilo que nos preenche sem ter um nome, uma definição . Eu não tenho lugar, pois não me sinto preenchida, capto as risadas e todos componentes mencionados, mas não os consigo percepcionar. A decepção tem destas coisas , faz-nos ficar desprovidos da nossa capacidade de análise , de julgamento . Faz de nós bonecos de trapo , sem vida , sem ânimo , usados e cansados pelo tempo . Sinto-me uma boneca de trapos , sem cor , sem já nenhuma utilidade e fico , assim , abandonada como se fosse , agora, invisível aos olhos

Nunca mais

Chega o dia em que conseguirei olhar-te nos olhos e dizer tudo o que tenho coragem de escrever.
Farei uma figura de completa idiota , não conseguirei articular as palavras certas , nem usar as expressões exactas. No meu rosto estará espelhado o nervosismo , não pelo que tenho para dizer , mas pelo desfecho que o diálogo poderá provocar. Aliás, se não provocar nada , tudo permanecerá igual , como escolheste.
Tenho muitas dúvidas , todas elas tu poderias esclarecer-me . Estás bem assim ? Eu não. Por que quiseste ser este ser frio e distante , quando todo tu eras um poço de calor humano invejável ? Se eu te disser a importância que tens vais rir-te ? Claro . Mas , é verdade : és tão , mas tão , importante .
Como conseguirei demonstrar-te que me fazes falta ? Que um simples sorriso teu ilumina , não o meu dia , mas o resto da minha semana . Como poderei dizer-te que nunca mais quero perder-te ou ser portadora de sentimento comparativo.
Volta para ti , para que possas regressar até mim . Diz-me que és quem me mostraste ser , posteriormente. Mostra-me que a minha primeira impressão foi errada. É que eu tenho impressão que errei quando te deixei entrar na minha vida . Quiseste entrar não foi ? Permanece , por favor !!!!! Mesmo que seja por pouco tempo , fá-lo ser infinito sempre que me recordar de ti , sempre que mencionar o teu nome a título de exemplo , sempre que contar aos meus filhos e netos , se os tiver, os nossos encontros provocados pelo destino . Não acredito que tudo seja capricho , não pode . Há algo mais , eu sei , sinto que sim ! Pode não ser eterno , mas é grandioso.
Também um grande erro será o que vou dizer a seguir , mas eu erro a cada palavra que delimito . Eu amo-te !